Monday, January 29

sexo e a cidália - 27 jan 07 - NS´- JN

"já o escrevi antes e volto a escrever: desde quando é que a atribuição de mais direitos aos outros põe em causa os nossos? Se nenhum católico vai recorrer ao aborto, então porque é que lhes incomoda tanto que seja aprovada a despenalização? Medo da tentação? Se a galinha da vizinha é melhor que a minha, melhor para ela. Pelos vistos, a Igreja não pensa assim. A inveja não é um dos pecados capitais?

A Igreja e todos os movimentos pelo "não" têm-se apoiado na ideia de morte para fazer a sua campanha fervorosa. Olho pela janela e vejo tantos nas bermas a morrer lentamente sem que um único beato os vá apoiar. Onde estão os homens do clero? Escondidos no seu pedestal de fancaria que os acólitos veneram?

O País continua adormecido nesta ignorância que nos deixa para trás.
Aborto - aberração. Homosexuais - aberração. Preservativos - aberração. Se o preservativo impede a propagação de muitas das pestes do nosso tempo, não poderia alguém ser acusado de genocídio por apelar a milhões que não o usem?

A minha prima Lucinda, de Ribeirão, só podia votar "não". Se morasse na Póvoa de Varzim talvez fosse pelo "sim". Lucinda, que andou a papar um homem casado (o pobre Igrejas) e buscava depois a absolvição na missa de domingo, sabe bem que é do "não" porque o senhor prior já a instruiu nesse sentido. "ui! Nem que o meu menino saísse trenguinho eu o botaba fora", diz ela, convicta. E eu aceito, pois claro. Esta é a diferença e chama-se tolerância. As pessoas não abortam porque é "in", supergiro ou altamente. As pessoas abortam porque não podem ou não querem fazer viver alguém a quem não vão poder assegurar o minimo de condições. Será isto egoísmo ou é preferível ter, a qualquer custo, mais uma criança que fique bem na fotografia de familia e que toda a vida seja a enjeitada?

A Igreja devia saber que a infelicidade das pessoas que não foram bem-vindas a este mundo é uma morte lenta e agonizante a longo prazo. Mas morrer em paz também está fora de questão, porque a Igreja é contra a eutanásia e o suicidio. Bom é haver seres atormentados que busquem a luz. Já na Idade Média era assim."

2 comments:

Do Norte said...

Gostei de ler .

Ricardo Neves said...

Quando a ignorância e falta de visão atormentaos irredutiveis fieis do "nao" exige-se que nós (defensores do "sim") saiamos à rua. Temos que mostrar a esta gente parada no tempo que o "não" é uma escolha ditaduresca dos (sim, eles sim) assassinos da sociedade. A nossa sociedade está podre... Vejamos um caso recente que foi intitulado pela nossa comunicaçao social pelo caso da Joana... aquela menina do algarve... veio ao mundo para ser maltratada e no final brutalmente morta pela mãe... isto é defender a vida??? Porque não evitar tanto sofrimento por parte de uma criança??? Ah... educadores de infância defendem que são necessárias crianças para combater o envelhecimento da população... Cinismo muito feio... Eu também sou um profissional da educação e prefiro ensinar crianças felizes e saudáveis. Esses senhores e senhoras que se deixem de preocupar com os seus locais de trabalho. Depois os economistas... gasta-se a matar uma vida... E o que se gasta em "instituições" de acolhimento, processos adoptivos, pensões de sobrevivência e alimentação, processos judiciais, saúde, etc etc etc... esquecem-se que muitas dessas crianças se tornam em crianças criminosas?? que muitas delas são abusadas (caso da Casa Pia) por não terem quem as defenda e quem as ame o suficiente para fazer frente a uma sociedade doente?? Façam contas meus senhores!!!
Liberdade é direito de escolha e direito de ser feliz... Vamos lutar por isso.